MOINHO
Gira a roda,
Esmaga sonhos,
Vira as páginas,
Move
O moinho.
Jorra a água nova.
Os raios da roda
Presos ao centro
Jamais se quebram...
Na torre, dormem
Corujas,
Pombos,
E o vento faz
Com que abram
Os olhos sonolentos
E lembrem...
Gira a roda,
Sob as nuvens cinzas
E o céu azul,
Encimando
A grama verde
E as flores mortas.
Ah, que sede,
Que sede de vida,
Que gosto de morte,
Nessa água que escorre
Da roda que gira!
Velho moinho
Que é visto, ao longe,
Pelo caminhante
Que pisa em espinhos!
Parece uma fonte
Que salva,
Resgata,
Apascentando
A sede que mata!
Mas há as corujas
Dormindo na torre,
Há o vento,
Os pombos melancólicos
No escuro...