DEVANEIO

Do alto da ribanceira vejo a tarde partir.
Um pássaro voeja, ao longe,
Solitário, cortando o silêncio
com seu canto, maravilhoso.

Olho para o rio calmo e sereno
que esconde os milhões de vidas
sob suas águas tranquilas.

Lembro quando, ao teu lado
nesta mesma ribanceira,
olhava o sol deitar no horizonte.
Era um deleite, um prazer
perceber o céu fosforescer,
lentamente.


E em meio a partida da tarde
ainda lembro das serenatas
que ecoaram nesta paisagen bucólica.


Hoje ficaram estas lembranças,
mescladas de saudade,
ruborizadas nos confins da memória.

Parece que ouço as cordas
do teu violão dizendo
que era para eu vir, e vir correndo,
pois o tempo poderia
[afastar nós dois].

Eu ainda sinto a [sede de te amar]
e aquela felicidade a dois
eu, jamais pude senti.
Ao meu lado falta a metade inteira
Da minha canção.

Os olhos pesados,
A pele gelada,
O corpo cansado,
Tudo é memória!
Mas tudo, ainda vibra em mim.

Em devaneio, vou dormir
com a imagem do teu rosto
iluminado pela lua e,
teus lábios junto ao meus.