MEU TEMPO /

MEU TEMPO

(Carlos Celso Uchôa Cavalcante-30/janeiro/2013)

Personagem do passado, do tempo de antigamente,

Até me sinto contente se me chamar de quadrado;

Posso até ser antiquado, mas sei que sou diferente,

Também sei que sou decente ao olhar tudo ao meu lado.

Sou do tempo em que o idoso de todos tinha o respeito,

Não negavam seu direito, num clima bem amistoso;

Tempo que lhe fez ditoso, sem esse vil preconceito,

Que se vê hoje em trejeito de modo não respeitoso.

Sou do tempo em que o amor realmente existia

E num clima de alegria todos tinham seu valor,

Pedia-se, por favor, com boa tarde ou bom dia,

Respeitando a senhoria, fosse senhora ou senhor.

Sou do tempo em que os filhos pediam benção do pai

Ação que hoje se esvai provida de empecilhos

Uma vivência sem brilhos na família se contrai

A compostura decai como um vagão cai dos trilhos.

Sou do tempo em que a decência se irmanava à lealdade

Tempo que de honestidade não se sentia carência

Tempo que obediência não escolhia idade

Tempo em que a verdade tinha sua evidência.

Esse é o tempo já ido que posso dizer foi meu

Quem também nele viveu não pode estar esquecido

Qual um pássaro ferido sem achar o ninho seu

Porque de tudo esqueceu num presente corrompido

(3o. pág. 88)