Há Dias...

HÁ DIAS...

Há dias em que as nuvens insistem desenhar sua imagem como se a vida ultrapassasse os limites da imaginação.

Há dias em que até o vento se parece perdido ao relento.

Saudades minha amada!

Dias de solidão!

Batalhas da vida, mortalha.

Tempos sangrentos...

Há dias em que olho a solidão do cacto, às caricias do tempo.

A singularidade do deserto entoa sua canção envolta em pensamentos.

Dias de ira, dias de heresia.

Saudades sem sentimentos...

Há dias em que minha alma a vagar perambula noite adentro, o dia torna a vir, o sol me castiga não mais que meus sentimentos.

A flor solitária na montanha tem a cor , assim como teus olhos que não me canso de amar, seja no deserto da alma ou na solidão do mar...

Há dias em que me perco nas emoções, em meus cantos, em meus prantos, no vazio da penumbra do quarto, no meu manto, nas estrelas que cintilam na noite escura, no teu canto...

Há dias em que o amor me abraça me lava a alma, faz-me uma devassa.

Há dias em que só quero, só preciso esquecer.

Há dias em que olho o precipício na beira do abismo fico refletindo sobre a verdade de cada um e o reflexo do merecer.

Em dias alternados, corações alados, precipícios que se formam abismos que se estabelecem, sejam em prantos, sejam no clamor das preces...

Há dias em que o desejo desabrocha na singeleza da rosa, na rudeza da rocha.

Há dias em que a loucura me afaga com toda a lucidez e calma expressa em gestos que não diz ao coração, sem devaneio, sem emoção.

Há dias em que não sei explicar se é dia ou noite!

Amantino Silva