As minhas cicatrizes
Tudo passa, mas as cicatrizes ficam. Como as da minha infância de bons momentos que guardei na lembrança.
Nossa! Que saudade de quando eu era criança, com nada me preocupava e eu toda tola quis logo crescer, nem sabia que aquele momento eu logo iria perder.
Bom seria se o tempo voltasse atrás. Então, de volta ao Retiro Sant’ana abraçaria bem forte a irmã Adriana, subiria novamente no alto da mangueira, invadiria com coragem o casarão, brincaria no balanço da sorveira, jogaria bola com aquela freira.
Comeria de tudo, abacate, fruta do conde, ingá, dedo de moça, abiu, jaca, sorva. Diria: Mãe! Não quero ir pra casa. Deus! Tomara que chova.
É verdade! Tudo passa, mas as cicatrizes ficam. Como aquela cicatriz de amor que com lâmina afiada minha mão marcou, sangrou, doeu, hoje já não dói, passou e só boa lembrança dele meu coração guardou.
Por muitas cicatrizes foram marcadas as histórias da minha vida, umas visíveis e outras nem tanto, mas elas existem. São cicatrizes da alma, de traições, enganos e ilusões. Cicatrizes não somem com o passar do tempo, mas de tempo em tempo elas podem sangrar.
Enfim, não se pode explicar. A vida é mesmo assim não há vida sem marcas. Realmente não há.