Canto Sublime

Oh! Doce inocência!

Namoradinha dos meus verdes anos

Tão bela e tão meiga!

Oh tempos memoráveis!

Praza-me recordá-la; cada gesto,

Cada momento, cada carícia...

Beijinhos tímidos e desconcertantes

A timidez, o rubor nas faces

O afago ligeiro e medroso...

Oh! Belos dias, inolvidáveis!

Oh Deusa da formosura!

Sedutora e incomparável!

Por quem os príncipes dobrariam a cerviz

A mais distinta entre as miríades!

Seja ditosa entre as mulheres

Aquela que te deu à luz!

Teus olhos são como dois cristais

Transparentes como a tua alma

Os cabelos, cachos de palmeiras

Belos como o pôr do sol!

Esparzindo raios sobre as águas do mar

Teus lábios, lírios aspergindo mirra preciosa

Inebriantes, como dulcíssimo licor...

Oh! Virgem dos meus sonhos delirantes!

Formosa com a lua, pura como o sol

Graça que irradia, espargindo raios de luz

Teus passos, o meneio dos teus quadris;

Graciosos como o saltitar da gazela sobre os montes

Tuas mãos; espiritualmente delicadas

Tuas pernas; colunas de mármore

Esbeltas como os cedros do Líbano

Tua pele aveludada; essência de jasmim

Tua voz; semelhante ao canto de pássaros canoros

Tal é minha doce amada!

Oh doce perfume, flor desabrochando!

Arrebatada de mim, covardemente...

Hoje minha alma chora, triste...

Como as flores que jazem mortas

Depositadas em tua laje fria...

Banhada de lágrimas vertidas...

Amor, sublime amor!

Aqui embaixo só desolação

O que me conforta senão encontrar-te logo...

Como a ti já não há outra

E o desejo de encontrá-la é urgente...

Um fantasma ronda meu coração

Mas resisto em tirar-me a vida...

Talvez pela certeza que me esperas tu...

Pois os olhos habituados nas trevas,

Melhor verão a luz...

Oh minha Eterna Diva!

O que poderá exceder o nosso amor?

Acaso haveria um amor semelhante ao nosso?

Na Literatura temos Romeu e Julieta

Tristão e Isolda

Nós dois, porém, somos personagens reais

Tão reais que hoje sofro na alma

E na carne, a tua ausência...

Felizmente tu, já não sofres mais...

Quê segredos guardará para mim no além-túmulo?

Espero logo encontrá-la, bela e radiante...

Quê doces mistérios trarão de volta

O brilho do teu sorriso?

Oh Sempiterno Amor!

Permitirão os céus, os fluidos etéreos

Que eu desça à sepultura sem tornar a vê-la

Mas não permitirão que deixe de amá-la...

Confesso que sucumbi a grande perda

Mas lego à posteridade este canto

Plangente, de dor e de saudade...

Que um dia será lido pelos apaixonados

Perscrutado por jovens enamorados...

E talvez digam consigo; Acaso o nosso amor

poderia ser tão grande e avassalador como este?

Oh! Amada Imóvel!

Árdua tarefa esta a que me propus

Recordá-la e descrevê-la tão vivamente...

Imortalizando-a em meus versos

Entremeados de soluços, co’a alma alquebrada...

Meu amor por ti é mais forte que a morte

Mais doce que o mel, mais puro que o fino ouro

E tão certo como a noite sucede o dia

E o dia precede a noite;

Logo nos encontraremos em esferas superiores

Noutra dimensão, além do corpo sensório...

E gozaremos o excelso amor em toda a sua plenitude...

Afinal, o verdadeiro amor é para sempre...

Beijos celeste de amor!

A paz seja contigo!

("Versos Dispersos" pág. 10 – 21 de dezembro de 1979)

Edir Araujo
Enviado por Edir Araujo em 04/12/2012
Código do texto: T4018478
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.