NA LUZ DA MADRUGADA
Guardo as aventuras dos desconhecidos que um dia alimentaram olhos famintos...
As madrugadas davam fuga em campos enluarados
Do amante caçador...
Pobre lady indefesa lutando por seu castelo e sua honra
Enterrava entre seios o sonho do verdadeiro amor
Na flor da trança o perfume
Conquistando o mercenário
A violeta esquecida se desfolhava
Num canto qualquer...
A fantasia
De um caso de amor
Revelado na cor amarelada
E amassada de um tempo de conquistas
De reis, duques, e donzelas com corpos jovens,
Voluptuosos, comandados
E amados na cama d'um imperador.
O d’ouro da imagem criada
Encantava a novidade
De saber-se acariciada um dia
Com a mesma vontade
contida nas páginas escondidas
Embaixo do travesseiro...
Um segredo!
Príncipe e reis não existiam
no mundo real
Só nos sonhos acontecidos
Entre os véus de noites
Onde os vestidos eram tecidos em fios
Raros entrelaçados com
Pedrarias.
Mas que se desmanchavam quando o alfaiate dizia:
- Acorde, acabou a fantasia!
O companheiro de longas noites
Folheado entre os dedos mostrava a última página
Com o epílogo...
“E foram felizes para sempre”
Tão querido e amassado
Com suas páginas já soltas
O amante era guardado
Sob a cama...
Como um furtivo caso de amor.