SAUDADE
SAUDADE
Era pra ser diferente
mas um estrela cadente
aumentou minha fantasia
e eu sonhei à luz do dia
com fadas e vaga-lumes
e até senti o perfume
da trepadeira lilás,
cheiro doce de ananás
que vinha lá da varanda
onde se armava a ciranda
no quintal de chão batido
e tudo fazia sentido
de manhã ao entardecer.
Ouvi o canto das cigarras
que na maior algazarra
desafiavam os pardais
saltando sobre os beirais
do casarão de madeira.
E não foi a vez primeira
que imagens tão faceiras
me trazem recordações
de tão doces emoções
arquivadas na infância,
vivas e belas lembranças
das bolinhas de sabão
que me fugiam da mão.
Esses quadros na verdade
me acompanham na saudade.
Basilina Pereira