Funeral
Aqui jaz, primeiramente,
Um filho
Uma vez que antes de tudo
Nasceu.
Aqui jaz, por consequência
Um irmão,
Já que mal nascia e já existia
Uma irmã.
Aqui jaz, sem tanta cerimonia
Neto, bisneto, sobrinho, primo...
E mais tudo o que tem direito
Em uma família.
Aqui jaz um aluno,
Aqui jaz um colega,
Aqui jaz
Um eterno aprendiz.
Aqui jaz um amigo,
Aqui jaz um amante
Aqui jaz, de uma forma
Ou de outra,
Um sonhador
Ele tinha tantos desejos
E pedidos
Mas morreu antes da meia
Noite.
Agora é escuro,
Frio e calado,
Cavalgando com velocidade
Olhos vermelhos e olhar
Tão triste
De quem já se foi e
Nada mais sobrou.
As fracas ligações do passado
Se romperam.
Então parte de sua história
É uma lápide
Agora, aqui Jaz ele
E aqui eu estou.
E não há arrependimentos,
Não há lembranças
Todas morreram
Com o meu antigo corpo
Que agora aqui Jaz.
Acompanho o apodrecer
Das correntes
E o deteriorar
Das mentiras.
Agora, livre e morto,
Vivo a noite de insônia
E de diversão sem
Promessas e mentiras.
Mas poucas vezes
Venho visitar
Meu túmulo vazio
Solitário e esquecido,
Que foi superado
Com lágrimas secas
Por família
E amigos.
E desse passado
Egoísta
Fica a lembrança
Na lápide branca
E está escrito:
Aqui jaz.