Peregrino.
Como chuva que simplesmente cai,
O meu eu de mim se esvai,
Procuro-me em lembranças, e só encontro tu em abonança,
cheiro, gosto, choro, riso e suspiro,
minha inebriante herança.
És o meu ópio nesse luto,
em devaneio sou peregrino no deserto de céu rubro,
se te encontro no crepúsculo, ganhei o mundo.
Mas com a alvorada, a verdade vem numa empreitada,
E com vertigem, grito e admito,
Foste meu tudo, és o meu nada.
E na estrada desgarrada te encontro em cada parada,
Pra te perder em seguida,
na próxima ressaca.