Peregrino.

Como chuva que simplesmente cai,

O meu eu de mim se esvai,

Procuro-me em lembranças, e só encontro tu em abonança,

cheiro, gosto, choro, riso e suspiro,

minha inebriante herança.

És o meu ópio nesse luto,

em devaneio sou peregrino no deserto de céu rubro,

se te encontro no crepúsculo, ganhei o mundo.

Mas com a alvorada, a verdade vem numa empreitada,

E com vertigem, grito e admito,

Foste meu tudo, és o meu nada.

E na estrada desgarrada te encontro em cada parada,

Pra te perder em seguida,

na próxima ressaca.

Letícia Fiddler
Enviado por Letícia Fiddler em 11/10/2012
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