Saudade da Roça
Quando piso a terra quente da minha roça querida,
Sinto saudade no peito, dá vontade de chorar.
Fico triste com o que vejo, me ponho logo a lembrar...
Tá diferente, é verdade, mas ainda esta tudo lá!
Os morros, as cachoeiras, os caminhos e os gravatás,
As ladeiras, os riachos e as casas dos sabiás...
Desvio os olhos e vejo uma boiada a passar
Rédeas firmes, o boiadeiro canta alegre a boiar...
Eu me lembro logo daquele que um dia me fez sonhar
Um caipira cantante, o cantor do meu pensar...
E assim como na canção, eu só penso em voltar
Pro aconchego do sertão que tanto me fez sonhar
Pras minhas flores queridas que um dia pude plantar...
Ouvir o canto dos pássaros, bem cedo ao levantar
Beber a água da fonte, doce, limpa e cristalina...
Sentir o cheiro da terra quando fazem a capina
Sentar no fogão à lenha, pra aquecer, lá na cozinha
Depois bem cedo deitar para o frio espantar
Dormir bem enroladinha sob a luz da lamparina
Eu sinto muita saudade, fico sempre a recordar
Daquelas tarde tristonhas, tão belas e coloridas
Das chuvas bem prolongadas, das flores de margaridas
Do beija-flor que beijava minhas rosas distraídas
Brincava com os meus cabelos, dando-me as boas vindas
Fico alegre em pensar que um dia já fui criança
Éramos sim bem felizes!... Havia muita união
Essas lembranças tão doces me alegram o coração
Jamais irei esquecer-me desse pedaço de chão
Um lugarzinho pequeno, que um dia me viu crescer...
E ao mesmo tempo tão grande, não dá para esquecer
Sim... É dele que estou falando, desse canto preferido
Do “Capão” que era grande, inda hoje tão querido...