Sobre o presente
Ouvi muitas estórias quando criança:
de fantasmas,
pessoas que eram monstros,
personagens das matas,
um futuro apocalíptico,
clamores dantescos,
espíritos malvados,
patrões vingativos,
vinganças exageradas,
castigos divinos...
De guerras incontroláveis,
ódio entre pais e filhos,
sofrimentos adultos,
doenças incuráveis,
epidemias vividas,
ranger de dentes prometidos,
de infinitos martírios,
que se imporia a todos.
...Mas eu brincava
Corria, cantava, sorria...
chorava o choro do dengo
E não sei bem onde é que guardava,
os recentemente resgatados,
terrores de que lembro
Estou achando que aos poucos
aparece o meu legado
E o conta-gotas aumenta
a bitola e o intervalo
de tudo que é gotejado
Mas faço como antigamente
porque muito provavelmente
não me considero culpado