Meus Rostos
Odir Milanez
Meu primeiro rosto
já não lembro o jeito.
Não sei de defeito,
nem sei se bem posto.
Meu rosto primeiro
ficou sem gravura,
quedou-se à loucura
de moço matreiro.
Distou-se no dia
que à infância dei fim.
Fez parte de mim
tão só na poesia.
Meu rosto segundo,
restou retratado.
Há nele estampado
maus tratos do mundo.
As marcas primárias
que o tempo estendeu
a quem se perdeu
nos passos dos párias.
É rosto de quem
sozinho se sente,
de quem se ressente
da falta de alguém.
Meu terceiro rosto
viveu dissabores,
amando os amores
causais do desgosto.
Sorriu sentimentos,
sofreu desenganos,
andou pelos anos,
parou nos momentos.
Meu rosto terceiro,
de sol ressequido,
talvez tenha sido
o mais verdadeiro!
Meu rosto de agora,
se vejo no espelho,
tem viso de velho,
tem ar de quem chora.
Perdeu a firmeza,
tem outra textura,
parece a figura
da própria tristeza!
É foto das fugas
de mim, indo embora.
Meu rosto de agora,
é rota das rugas...
JPessoa/PB
17.09.2012
oklima
Sou somente um escriba
que ouve a voz do vento
e versa versos de amor...