Carta para Jackess
Carta para Jackess
O entardecer se fora e a noite mostra a sua face.
Os moribundos, mostram também as suas faces.
Ávidos por novas aventuras perigosas.
Pela trilha que se seguia, havia recipientes vazios,
Que outrora guardava aquilo que chamamos de;
A raspa do chifre do demônio.
Satisfazera talvez os vagabundos que as tinha
Em seus bolsos.
Observo a lua que vaga estranhamente pelo céu,
Iluminando as bordas de todas as criaturas que
Rumavam em alguma direção, talves opostas.
Mais a frente dessa mesma trilha, pontas brilhavam
E fumaças de uma erva natural se desfazia ao
Cérebro dos vagabundos noturnos, preenchendo-os
De prazer.
Seguiamos essa trilha, eu e Jackess.
Como dois andarilhos que sem dinheiro algum,
Procurávamos também aventuras prazerosas,
Para mais tarde transformarmos em lembranças.
Que agora descrevo aos goles de um chá matte, quente.
Ambos levávamos cigarros à boca.
Converssavamos algo sobre Radiohead.
A noite mal começara e só tinhamos ao todo seis cigarros,
Carregando também o maldito hábito de fumar pesado.
Na penumbra noturna, vagando por uma trilha tortuosa.
Vozes que sorriam. Mulheres fofocando até tarde da noite.
O câncer televisivo que corroia mais cérebros a troco de nada.
Cães pulguentos que ladram à procura de algo.
E nós tragando agora bitucas, pronto para acender o próximo.
Regaram talvez a nossa sorte.
E foi naquela rua estreita, por haverem carros estacionados
Beiras ás calçadas, que o vento trouxe uma cédula de dinheiro.
O suficiente para duas doses, como Jackess sugeriu.
Eu abraçei a sugestão, como abraço minha mãe.
Agora seguíamos uma direção. Esse bairro esquecido por Deus.
Sorrindo diante das minhas histórias eróticas,
Gargalhando quando estas se tornavam cabreiras.
Lembro-me da lua que vagava estranhamente pelo céu.
A avenida nos esperava.
Dois garotos, agora via o fim de seus cigarros.
A queimação era contínua.
Conforme a noite se seguia, cerrávamos cigarros,
Bebidas e olhares das vadias que farreavam.
E tudo acabou.
Abobrinhas, ambulâncias, cadeiras de rodas, soros e macas.
E caras inchadas e corpos trêmulos, sob a friaca matinal
Que amanhecia num lugar desconhecido,
Pedindo carona para um motorista de um ônibus qualquer.
(Bob Ginsberg e Augusto Henrique)