Pela Fresta da Janela


Enquanto eu olhava pela fresta da janela,
Os monumentos roçavam em mim
Tocavam em minh’alma em aquarela
E eu chorava num lamento sem fim
Eu vi, eu vi tudo que sentia no retrato
Quando as páginas pajeavam o sonho
No meu sono, num minúsculo quarto...
Farto de tanto sonhar, até hoje ponho
Velas na escuridão do meu pensamento...
Só não sei por quanto tempo... Oh! Tempo
Que não voltará jamais... como lamento!
Mas quem sabe tornarei àquele templo...
Quem sabe roçarei na pilastra da Eifel;
Do Panthéon; do Arco que triunfa na avenida
Do Champs Elysees, lambuzada em mel
Faço-me homem de verdade, na Cidade Luz!
Sinto correr em mim a confusão reprimida!
Oh! História! o Sena que carrega Joana à cruz!
As minhas pernas; meus pés; minhas mãos;
São as formas que formatam ramos e grãos...
Que sentem o ar de Paris, porque eu quis!
O frio corta; faz gemer os mais nobres; a mulher...
Também faz sofrer a mais nobre e a meretriz!
Quem anda nas calçadas de velha Notre Dame
Inda que sofra, inda que não saiba quem quer,
Um dia achará quem queira e quem ame!

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 18/08/2012
Código do texto: T3836013
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.