NAVEGAR FOI PRECISO...

Ontem encontrei um navegante...

Sentado na beira do cais,

escutava o som do vento.

Ao contrário do ser comum,

ele escreve a realidade da alma

e misteriosamente faz dela poesia.

Transformava os sonhos em linhas.

Trafegava insone para lá da realidade.

Quase todos falavam do amor

e de suas infinitas possibilidades.

Quase todos elegeram o calvário seu altar.

Ele me ensinou a imaginar.

Traz no corpo sinais

das incontáveis vezes que atravessou o Mar.

Ele ama ou odeia com igual intensidade.

Para quem tem de confiar nas marés...

Não existe meio-termo.

Ninguém jamais conseguiu dele

a entrega total porque sua alma

é um território longínquo ainda a explorar.

Ele fala com as estrelas,

que envergonhada se tornam cadentes

num ato de paixão e loucura..

Como todo navegante,

sua companhia é a solidão.

Mas um ser só

sempre será

na grande viagem de cada um de nós.

Ele não vacila e não se priva.

Bebe da garrafa até o último gole.

Trás no baú histórias reais amores vividos,

decepções sofridas e amigos jamais esquecidos.

Seus relatos são invariavelmente fascinantes.

E foi ontem quando eu passeava pelo cais...

Ele me olhou nos olhos

e arrancou minhas máscaras.

Deixou meus sonhos expostos ao chão.

Riscou com carvão

a minha única desbotada aquarela.

Amou meu sentir

sem pedir nada em troca

e depois partiu.

Ensinou-me a sonhar com a vida

e para sempre,

permaneceu tatuado em meu coração.

Tato studart
Enviado por Tato studart em 16/08/2012
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