Ao meu avô
Ao meu avô guardo sempre as poesias. Dessas de fundo de gaveta. Se escrevesse à mão estas estariam talvez manchadas de vinho e algumas poucas mas sinceras lágrimas.
Nunca precisei dizer muita coisa a ele. Pois ele cabe nas minhas poesias. Confidencialmente das entrelinhas. Aquele ser que nele habitava. Mas era secreto. Misterioso. Encantador. Mas nem todos conheciam.
Talvez eu ande pelos mesmos caminhos. Entre erros e acertos.
Magicamente em situações inusitadas. Talvez ele saiba de tudo isso. E só ele ira compreender estes escritos. Nada mais justo.
Eu só não trapaceava nos jogos de carta quando o senhor estava na mesa. Só quando tu estavas na mesa.