O brilho das panelas
Na família era moda o brilho das panelas
Quem mais brilhavam as panelas
Era comentada e querida
Minha mãe era campeã de elogios
Minha mãe era feliz com aquele título.
Mas o tempo passa...
O brilho vai perdendo sua essência
A idade chegou e as mãos já não tem mais tanta força
Para manter o brilho das panelas.
Num reencontro casual de família,
Sentadas à mesa numa conversa cotidiana
Minha tia ironicamente comenta:
Ô Maria, tuas panelas já não brilham mais, perdeste a força?
Não eras a maravilhosa? A mulher de força? A corajosa?
Eu, assistindo a conversa, vi os olhos lacrimejantes de minha mãe,
Senti o tom debochado da minha tia e não exitei em responder por minha mãe:
Ora, tia, a vida inteira minha mãe foi elogiada por este feito,
Mas...afinal, de que vale o brilho das panelas?
Não é o brilho das panelas que impõe caráter a uma pessoa,
Há tantos na família que não tem caráter e muito menos brilho
E a minha mãe tem um caráter invejável, sabe, o tal caráter que falta na família?
Hoje...eu entendo que o brilho do elogio é ofuscado pela inveja.
Quem não brilha é porque não tem força.
Mas tem caráter.
E o caráter vale muito mais que o brilho.