A Janela
Quando bem pequeno eu era
Via o mundo por uma janela
Tão pequena e tão singela
Mas grande na minha esfera.
Eu via as pessoas passando
Mães e filhos vindo da escola
As velhinhas levando sacolas
E tudo indo e tudo voltando.
Eu via os garotos jogando bola
Na praça em que também brincava
Na praça onde tanta gente passava
Eu via tudo indo e se indo embora.
Eu me lembro das tarefas escolares
Minhas obrigações primeiras
Mas depois, grandes brincadeiras
Com os amigos em todos os lugares.
Eu lembro que ver de minha janela
Era como ver o lindo e precioso mar
Nada era tão bom, nada iria obstar
Porque eu sabia que a vida era bela.
Minha janela era única preocupação
O mundo passava do meu jeito,
E eu vivia de meu próprio jeito
Minha janela era minha diversão.
Quando bem pequeno eu era
Minha janela era muito grande,
Agora, hoje eu é que sou grande
E não mais existe aquela janela.
Eu me tornei um outro movimento
O que não tem tempo, nem hora
e estar na janela, porque agora
Sou o imprevisível, o tormento.
Já não se tem aquela preciosa paz,
E a praça não passa de uma praça!
Ver o mar já é uma coisa sem graça
Porque sem a janela não se vive mais.