JARDIM CONSTELAÇÃO
Como numa dessas calmas noites
A caminhar por uma nua rua
De repente
Bate uma saudade dentro d’alma
Açoites
E o pensamento ferido flutua...
Como uma imagem perdida na imaginação
A se encontrar num novo lar
No Eden...
Repousando dentro da mente
Proporcionando o sonho da gente
Iluminando o interior d’um crente
Uma pequena estrela cadente...
Como a luz dos olhos d’uma manhã
Que adormece com o silêncio
Contido num sorriso calado
Das lembranças
Por uma terna saudade...
Que brilha dentro do peito
Sufocando um coração ardente
Àquele que foi retido
Abrigo com calor em meu leito...
D’um barco a uma vela acessa
De uma palma a uma mão imensa...
A acolher-te pelos pecados
A orar tuas orações no branco véu
Recolhendo-te na boca do céu
Sentindo assim um gosto amargo
O verde sabor do fel...
Ao lembrar que esteves um dia
Num tempo já encoberto
Por uma força, uma vontade
Mas tivestes ali bem perto...
Lutando pela liberdade
Liberdade negra
Anti-racista...
Ou até mesmo
Por um aperto apertado de mãos
Num contra contraste de cor...
Como filhos de Deus
Somos todos irmãos...
Hoje como uma luz na noite
O luar
Que se encontra com o infinito do mar
Nas profundezas d’um oceano
O paraíso
De mãe uma lágrima
Um sorriso...
Estando a se recompor
Margarida
Sempre viva
Uma lástima de dor...
Numa roseira a esperança
De uma saudade
Uma sentença...
Neste jardim há um clamor
E esta estrela
Eternamente será uma flor!
Autor: Valter Pio dos Santos
(Poema dedicado ao Tio Zé)