LAGO DOS SONHOS
Em algum lugar perdido no tempo
num tempo que não sei quando
minhas lembranças se perdem no ar
e divago por entre águas mansas
Sinto a água tocar-me com carinho
fazendo do meu corpo parte sua
vejo-me nua e tão dona de mim
senhora de um tempo que não contei
Uma brisa leve me acaricia inteira
meu corpo é templo que se descobre
solitário ali, mas tão completo
como se todo ele fosse também água
Volto num tempo de sonhos esquecidos
e me vejo na plenitude do meu ser
retalhos de saudades começam a flutuar
e neste instante desenha uma imagem
Sou eu mergulhada neste tempo
que se perdeu nos anos da lida
vejo-me criança, recém-nascida, feto
sem o peso da responsabilidade da vida
Célia Jardim