Escrita antiga: poema e poesia
Ando sôfrego pela sala vazia
Explorador do passado
Arqueólogo em remota vida
Vejo o baú empoeirado
Mofando, com tranqueiras antigas
Abro-o curioso
Encontro minhas poesias
Velharias, velhas escritas
Vem a repulsa
"Que poesia sem vida!
É poema, não poesia"
Vem a saudade
"Isso não é monótona canção
É expressão!
É poema! É vida vivida!"
Leio a palavra rasgante
Versos embaralhados
Sem rima
Vejo a expressão do instante
Fala que surge
Sem ritmo
Fluxo de ódio e rancor, constante
Palavras ditas sem mimo
Sinto o passado retornando
Funde-se o agora e o distante
Componho em nova forma
Poema e poesia
Mesclados em versos delirantes
Vem a repulsa
"Que poesia sem vida!
É poema, não poesia"
Vem a saudade
"Isso não é monótona canção
É expressão!
É poema! É vida vivida!"
Retorno da loucura à monotonia
Metalinguagem, métrica e rima
Belas palavras, na fôrma fria
Levando o pobre leitor à agonia
Levo ao leito o velho poema
Viva a poesia!
(Junho de 2007)