DE VOLTA AO PASSADO
Pai!
Num momento lembrei-me,
Que jamais poderia esquecer de você!
Lembrei-me do inesquecível, pensando em te ver
Recuei-me no tempo, viajei ao passado,
Encontrei-me num templo
Diante as lembranças que a mim vieram,
Repulsando meu coração sufocado!
Então minha vida se fez mais viva
Aos olhos do consciente que trilhavam meus passos
A marcar os espaços nas imagens projetadas,
Tensas linhas esboçadas...
Na tela desta ativa imaginação!
O vento,
Que ali junto comigo sonhava
Acordou propondo a soprar-me o rosto...
E aos meus olhos despertou!
Até uma branca nuvem que passeava por ali
Contendo-se a seu contra gosto,
Com meus tensos olhares
Se deparou!
Uma vasta revoada
Que em meus sonhos sobrevoavam a gorjear,
Recolheram suas asas emplumadas
A contemplar-me por emoção!
Lágrimas escorregavam,
Caindo do céu devagarzinho...
Suavemente a me alardear!
Que por sobre esta mansa terra
Também iriam escorrer,
Como o serenar d’ aurora
Numa triste manhã de inverno!
E os verdes olhos dilacerados
Estarão acoitados a refletir,
Tanto quanto há esperança
Em uma face sem resposta!
Então,
Propus-me a respirar d'um novo ar...
Tão sólido estava eu,
Que em vapor pus-me a transformar!
E exclamei...
Pai!
Lembrei-me de que jamais
Poderia esquecer,
Lembrei-me de você,
Do inesquecível!
Sonhei,
Que havia sonhado com você...
Foi um sonho tão real,
Que no real de todo o sonho,
Você era o sonho do real!
Deste sonho acordei calado...
Minha voz silenciara todo tempo,
Todo o tempo em que eu ali ficara!
As palavras se desprenderam de mim
E jamais foram reencontradas
Desde o dia em que partistes!
Às vezes me pego boquiaberto,
Sem um movimento sequer!
Apenas meus olhares vagam nus
A procura de você...
Mas você,
Viajou sem querer...
De mim, assim se distanciou!
Sinto-me preso nas lembranças
Desta legítima recordação!
Pai...
você vem como um anjo,
Que desce sereno do céu...
A ofertar-me da fé a esperança,
A alimentar-me de paz,
Acrescer em mim o amor
E novamente fazer sorrir,
Meu sensato coração!
Autor: Valter Piop dos Santos
New York-1985