MADRUGADA

Eu vivi esta madrugada.
Ibiaporã, 1968.



Trepado em um pé de flamboiam
Cantava um poeta apaixonado
Fantasma, flutuando entre as sombras
A procura do ser enamorado

Madrugada de beleza fulgurante
Lua intensa, brilhando, cor de prata
Só o silêncio escutava aquela voz
Na delirante canção que dedicava

“A minha sorte foi tirana e a desdita”
Mas de desdita ali não tinha nada
Tanta beleza estimulava aquele ator
Que só sofria para o deleite da madrugada.

Tudo tinha um efeito encantado
Uma magia, impossível conceber
Mas o poeta se encanta e se inebria
Mesmo que seja incapaz de descrever.

Agamenon Almeida
Enviado por Agamenon Almeida em 10/02/2007
Código do texto: T376144
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