Coliseu
 
Você sente e arrepia
De incontestável horror.
Percebe por empatia
Cada uma cena de terror...
 
Ali, na terra revolvida,
Escavada do Coliseu,
Está gravada a ferida,
De um passado meu e seu.
 
Em pequenos compartimentos
Subterrâneos ficavam,
Os cristãos como alimentos,
Para feras que ali moravam.
 
Ouvindo os urros pavorosos,
Dos animais em cativeiro,
Por mais que fossem fervorosos,
Eles vacilavam primeiro...
 
Com as dores da fé negadas,
Sentiam-se quais traidores.
Como reses, enfileiradas,
Esperavam os abatedores.
 
Mas quando chegava o dia,
Fatídico da expiação,
Em um facho, a fé crescia,
Na antiga convicção.
 
Pras feras, os loucos torciam
E enfurecidos apupavam.
Dos pobres cristãos se desprendiam,
Suas almas, enquanto oravam.