MEMÓRIA DESCRITIVA

Quando eu nasci, meus pais tinham uma fazendinha,

A sede era uma casa de pau-a-pique, forrada com sapé,

Nela morávamos eu, meus pais, meus irmãos meu avô,

A felicidade, a fartura, a ventura, a paz, a segurança,...

Depois, meu pai construiu uma grande casa de madeira,

Forrada com telha de cerâmica, muito linda e confortável;

Nela havia um enorme fogão a lenha e, sempre, na cozinha,

Enormes cachos de bananas eram pendurados para madurar,

Havia, por sobre o fogão, uma grande tábua cheia de rapadura,

Na varanda de trás da casa, outra tábua com queijo e requeijão,

Havia também uma enorme vara de carne-de-sol e lá fora,

Em baixo de uma parreira, havia um giral de lavar louças e uma tábua

De sabão de cinza e de soda; logo abaixo da parreira, um quintal

Enorme com mandioca plantada e um pomar com frutas tropicais,

Na frente e ao redor da casa havia um jardim com rosas e flores;

Mais à frente da casa, um enorme curral de madeira de lei,...

Foi aí que aprendi de meu pai a lei: garra, persistência, dureza,

Quando se tem de ser duro, sensibilidade, amor ao trabalho,...

Tudo isso aprendi vendo meu pai lidar com o gado,... certo,

Aprendi também, alguns palavrões, assisti alguns excessos

De nervosismo provocado pelo calor da luta – meu pai era bravo

Como um touro e dócil como um bezerrinho – era de bom coração!

Nas invernadas, vacas leiteiras, novilha gorda (churrasco não faltava),

Cavalos de monta, éguas com potrinhos e garanhões para reprodução!

Nas roças, a lavoura de arroz, feijão, milho (do milho quanta gostosura:

(Pamonha, curau, bolo, cuscuz, milho assado, cozido, farinha, polvilho,...),

Havia, perto de casa, um lindo morro, um córrego onde aprendi a nadar,

Aprendi a pescar, a gritar, sorrir, gargalhar de alegria, quando, nas tardes,

Íamos banhar no córrego,... Oh! Como fui feliz na minha infância,...

À noite, tínhamos os caos contados por meu avô, meu pai, minha mãe,...

Não se contam mais caos às crianças, os pais têm vergonha de seus filhos,

Como os filhos têm dos pais,... Ambos têm mais intimidade ao nootebok!

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 21/05/2012
Código do texto: T3679186
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