CASAS
Em quantas casas morei?
Não posso enumeraras
Foram tantas...
Em lugares diversos
Que de muitas já esqueci.
Nenhuma era nossa
Eram alugadas
Ou em fazendas
Onde meu pai trabalhava
Por muitos quintais brinquei
Me lembro de gangorras
Bonecas de trapos
Caquinhos de pratos
Medidas de LEITE NINHO em forma de conchas
Que serviam de panelinhas
E uma variedade de coisas imaginárias
Utilizadas em minhas brincadeiras.
Tive poucos brinquedos de verdade:
Lembro uma boneca de plástico
Segurando uma bonequinha nos braços
( era rosinha, tão bonitinha!)
Ganhei no natal de alguém que passou na rua
Em um carro
Doando brinquedos para crianças carentes.
Um ferrinho de de plástico colorido ( lindinho)
Que por muito tempo me acompanhou.
Minha única boneca de verdade
Ganhei também em outro natal
Dos proprietários da Fazenda Cajazeiras
O nome dela era Jaqueline
Ela foi minha parceira
Dos meus sonhos e devaneios de criança
Com o passar dos anos, com tantas mudanças
Foram perdendo as pernas,
Braços... tronco...
Sobrou a cabeça, que guardei para reciclar
Mas infelizmente ...
Perdeu também.
A cabeça da minha única boneca
Sobreviveu por quase cinquenta anos.!!
Não tínhamos móveis
Meu pai construía rusticamente o que precisávamos
Devido as constantes mudanças
Eram deixados para trás
Em quantas casa morei?
Não posso enumeraras
Foram tantas
Em lugares diversos
De taipa, chão batido,
Cobertas de madeira, de palha...
Foram tantas,
Em lugares diversos
Que de muitas já esqueci.
Não criei raízes
Entretanto guardo lembranças embaçadas
Dos lugares que vivi
Das casas onde morei
A minha infância
Mesmo na pobreza
Tanta simplicidade...
FOI FELIZ!!!