À...

Quantas dores, tu nem sabias,

Que fervilhava o peito alheio,

Em juntar as débeis melodias

Para enterrá-las ao teu seio

Minha sombra na hora diurna

Foi à luz que te embriagou,

Em cada passo assim taciturna

Por tua alma ela chorou!

Quantos dias, tu nem crias,

Na distância que nos permeia

De meu pesar senão rias

O langor que face me pranteia

Mas toda a dor é o amor,

A semente brotada em fruto

Um leve cismar em rubor

Daquele que morre no luto!

Quantas noites, tu nem vias

Defronte tua face esquálida,

Minh’alma que por fim rias

Vendo-a tão virgem e pálida

Que lábios assim carnudos

Ardiam na febre de um viver,

Calados e enfim como mudos

Estavam prestes a morrer!

Quantos dias, tu nem dirias

Os anos longos passaram,

De meu amor tantas fantasias

As lágrimas nas faces secaram

E porque haveria de sozinha

Caminhar em sua existência?

Poderia voltar a ser minha

Mesmo sem sua inocência!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 28/04/2012
Código do texto: T3638950
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