GUAXOS"
Valdemiro Mendonça
A casa da fazenda dos meus avôs
Era velha, mas grande e vistosa.
Ficava num aplainado da encosta
Num dos lados da serra formosa,
Que formava um vale verdejante
Denominado de, “o vale das rosas”.
Sustentada por grossas colunas
Projetado sobre o despenhadeiro,
Havia uma varanda bem espaçosa
E era o nosso mirante do sesteiro,
Onde víamos passar o carro de boi
Guiado pelo seu orgulhoso carreiro.
Ao lado direito da fresca varanda
Havia um enorme e belo jacarandá.
E todo o anos milhares de guaxos
Vinham sem falta para ali nidificar.
Por quatro meses ouvíamos a farra
Dos filhotinhos famintos a grasnar.
Criou-se uma lenda sobre o evento
Que no ano que os guaxos faltavam,
A chuva também não aguava o vale.
Todas as plantas e regatos secavam
E todos os roceiros faziam novenas
Até que um dia os guaxos voltavam.
Um dia meus avôs se foram da terra
E o novo dono de mais larga visão,
Cortou a árvore e vendeu à serraria
E trouxe para a terra uma maldição,
E o vale chamado de vale das rosas
Agora se chama “Vale da desolação”
Trovador