Aos Quinze Anos

Na juventude que brota como a semente,

Deste viver em cada coração,

Temi ainda em vida ser mísero inocente,

Refém da dorida paixão!...

E minha pálpebra tão negra e dormente,

Cerrava-se no levantar do dia,

Sonhei contigo nas trevas docemente

Quando se evapora a alegria

Perdoe-me nas lágrimas dementes,

Com a alma tão doída

Foram apenas os sonhos ardentes

Do iniciar de uma vida

Dourei a alma na minha puberdade,

Em fonte de água pura

Sonhando em deflorar a mocidade

De uma virgem nua!

Não ria de mim, esse nauseabundo erotismo,

Fora a corveta em mar aberto.

Tremi ao acariciar o ideal do romantismo,

Nos livros que tive por perto!

Conquanto a poesia orvalhasse em mim,

O brio de um mancebo.

Enterrando no panteão de um jardim

Um jovem morto cedo!

Breve centelha dourou-me a compostura,

Do cético ao letrado.

Debalde, no verso de uma literatura

Morri sem ter amado!

Quinze anos!Vede-os bem de perto

Sequer tenho um ideal,

Na alma o sepulcro sempre está aberto.

Em ingênuo dom espiritual

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 24/03/2012
Código do texto: T3572559
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