Aos Quinze Anos
Na juventude que brota como a semente,
Deste viver em cada coração,
Temi ainda em vida ser mísero inocente,
Refém da dorida paixão!...
E minha pálpebra tão negra e dormente,
Cerrava-se no levantar do dia,
Sonhei contigo nas trevas docemente
Quando se evapora a alegria
Perdoe-me nas lágrimas dementes,
Com a alma tão doída
Foram apenas os sonhos ardentes
Do iniciar de uma vida
Dourei a alma na minha puberdade,
Em fonte de água pura
Sonhando em deflorar a mocidade
De uma virgem nua!
Não ria de mim, esse nauseabundo erotismo,
Fora a corveta em mar aberto.
Tremi ao acariciar o ideal do romantismo,
Nos livros que tive por perto!
Conquanto a poesia orvalhasse em mim,
O brio de um mancebo.
Enterrando no panteão de um jardim
Um jovem morto cedo!
Breve centelha dourou-me a compostura,
Do cético ao letrado.
Debalde, no verso de uma literatura
Morri sem ter amado!
Quinze anos!Vede-os bem de perto
Sequer tenho um ideal,
Na alma o sepulcro sempre está aberto.
Em ingênuo dom espiritual