SENHORA DO INVERNO
SENHORA DO INVERNO
Senhora do Inverno...
Só de pensar seu nome, me arrepio;
Ela é do tempo quieto, tempo frio;
Tempo bom de amar, de abraçar.
É nesse tempo que a natureza aflora
E embeleza o jardim dessa Senhora
Que, num inverno ido, tão distante,
Por entre beijos quentes, ofegantes,
Quase morreu e me matou de amar.
Senhora do Inverno...
Ela é do tempo em que o sol se esconde
E, aos apelos da lua, não responde,
Por entre nuvens não se faz brilhar.
Mas, nos lençóis, leito de amor ardente,
Essa Senhora torna o inverno quente
Deixando o amor fruir na madrugada
Querendo ser feliz e ser amada,
E faz qualquer mortal se apaixonar.
Senhora do Inverno...
Ela é de um tempo que não volta mais
Tempo que oculta o erro dos mortais
Quando o amor se sobrepõe a tudo;
E o inverno em que nela havia
Cedeu lugar à paixão, à euforia,
Ignorando norma ou convenção
E, na chuva fina dessa estação,
Se dilacera um sentimento mudo.
Senhora do Inverno...
Ah! Inesquecível “inverno” de nós dois
Em que deixamos tudo pra depois
E nos perdemos no túnel do tempo
Mas, aquela “chuva” que sobre nós caiu,
E todo o temporal que existiu
Ficou marcado em nuvens no meu ser
De forma que, somente após morrer,
Se apagará desse mortal do pensamento.