Nostalgia

Lembro-me de quando criança, quando o vento soprava-me os cabelos e a janela aberta do quarto deixava até a mais leve brisa levar embora qualquer medo do escuro. Lembro também as doces palavras da minha mãe dizendo que tudo iria ficar bem, cantando uma bela música ao qual nunca dei muita atenção, e do calor que sentia no peito ao subir o mais alto que conseguia, o medo me fazia ter coragem e a coragem me deixava louco.

Lembro do meu sonho em correr, saltar e voar muito além do horizonte, onde nada nem ninguém poderia me afetar com suas palavras, a crueldade do mundo, mesmo tão em mim, nunca fora inteiramente real.

Lembro dos amigos que já deixei, as memórias que tanto guardei, e os beijos que tanto dei. Lembro dos pássaros a me rodearem, em um sonho tão azul, onde o medo corria de uma alegria sem fim, e os pássaros cantavam em meio ao fogo quando um cavaleiro alado descia do céu e parava ao meu lado, eu corria para além do seu olhar e novamente de alguma maneira era pego por sua irá, e o sonho acabava em fogo.

Lembro de tudo o que não deveria lembrar, mas lembro das coisas boas também, imagino assim com desdém, até onde o destino irá me levar.