Efeitos (22-08-05)
 


Onde estás e o que faz coração partido
Que arrebenta de angústia o teu vivente
Que tão faceiro e concernente
Não consola certa vez clarividente
 
A que devemos a pífia
A amargura e a derrota?
Àqueles que nos pecam, sejam vós
Sejam nós, arrepio sombrio de mim!
Alma errante que sufoca gélidas vertentes
Dos tempos que soia
 
Arrabaldes ó pusilânimes!
Convertes em finas vertentes
O pranto do meu viver
E dilacera quão severa
Tantos grãos de finas ervas
Sentimentos a voar...
 
Sois tão nobre e vagabundo
Arredio e secular
És tão forte que me prende
És da vida o desleixar
 
Retumbante à minha fronte,
Alvi rubro vamos lá!
Regozijam puras faces
Sorriso de sinhá
 
Mas não entres impiedoso
Não te alojes neste vale
Sorverei vossas entranhas
Cantarás gentil “cantare”
 
Cada verso sinto ao vento
Cada voz percebo aos passos
O insano perde a fome
E o trapalhão volver-te aos braços
 
Neste rumo, nesta aurora
Perdes livre a marchar
Temperança sem história
Maravilhas a sonhar
 
Essas pedras são espinhos
Mas as rosas tem valor
Só não saiam da nascente
Coloridas sem sabor
 
A mentira veste negro
Premiada urra à glória
Em fadiga sempre amiga
Bajulada na vitória
 
Falsos louros recebestes
Só a ti resplandecente
Vejo mirar profundo este
Calipígios decadentes
 
Ouves tanta supremacia
Sente deveras o bel-prazer
Movem lavouras de leves tratos
Grotesca paixão, resta escrever...

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