O Jardim da minha Infância

O Jardim da Minha Infância

Recordo-me bem da casinha

Havia Dezoito degraus

Lembrava Machu Picchu

De tão lindo e original

E lá no alto, quartinho e latrina.

Caixa d'agua de esquina,

In situ abismal

Era um jardim imenso

Palpável, real e pleno.

Até a casinha era magistral

Não se tinha tamanha alegria

Do que explorar todo dia

A vida daquele quintal

Pitangueiras frondosas

Esbanjavam a beleza

Em cores majestosas

Ramas tão lustrosas

Ornavam a paisagem

Era a pura riqueza

Flores pequeninas

Brancas e solitárias

De alma imaculada

Exalavam a nobreza

Misturando sua essência

Ao perfume do mar

Coqueiros gigantes

Cocares elegantes

Dançantes ao vento

Tela em movimento

Feita por pintor

De enorme talento

Cheiro de mato e de terra

Cabanas na relva

Feitas pelo tempo

Belos monumentos

Pra se contemplar

Glorioso portento!

Verde em variados tons

Matizava a paisagem

Mangarás em pêndulos se abrindo

Bananeiras abraçadas sorrindo

Acenavam sua linda flolhagem

Lembranças vivas e saudosas

Jamais deixarei de sentir

Pena que hoje não mais possa

Viver um paraíso que deixou de existir