INFÂNCIA
QUE SAUDADES SINTO DE MINHA INFÂNCIA, DO CORRE-CORRE COM A MOLECADA NO FINAL DE TARDE, DO PIRA-ESCONDE, DO CAI NO POÇO COM OS PEQUENOS FUTUROS HOMENS QUE TANTOS SUSPIROS NOS CAUSAVAM.
QUE SAUDADES DE MINHA INFÂNCIA, DO TREPAR NAS ÁRVORES DE PONTA A CABEÇA SEM NOS DAR CONTA DO PERIGO DA QUEDA.
QUE SAUDADES DA MINHA INFÂNCIA, DA INGENUIDADE DA CRIANÇA SEM PERCEBER DOS PERIGOS DO MUNDO LÁ FORA E DE SUAS ARMADILHAS REAIS.
QUANTAS SAUDADES SINTO DO MEU PAI, DOS MOMENTOS EM QUE ME PUNHA NO COLO FOLHEANDO AQUELE GRANDE LIVRO MULTICOLORIDO ENFEITADO DE GRAVURAS, E CONTANDO AS GRANDES HISTÓRIAS, E ME FAZENDO VIVER EM UM PERFEITO MUNDO DE SONHOS SÓ MEU.
QUE SAUDADES SINTO DO MEU PAI, E EU QUE FICAVA POR HORAS A ESPERA-LO NA PORTA VINDO DE SEU LABUTAR DIÁRIO, PARA CORRER AO ENCONTRO DE SEUS ENORMES BRAÇOS E ENVOLVE-LO TAMBÉM NO MEU PEQUENINO MAIS AMOROSO ABRAÇO, E BEIJA-LO A FACE E ENCOSTAR A MINHA CABEÇA EM SEU OMBRO, E SENTIR AQUELE CHEIRINHO QUE SÓ ELE TINHA.
QUE SAUDADES DA MINHA INFÂNCIA, DO TOMAR BANHO DE CHUVA E PULAR NAS POÇAS CHEIAS DE ÁGUA COMO SAPO DE TANTA ALEGRIA, SEM DAR MUITA ATENÇÃO AO QUE ME DIZIAM:
MENINA TU AINDA HÁ DE CRESCER, E VERÁS QUE A VIDA NÃO É FEITA DE CORRE-CORRE, DE CAI NO POÇO DE PIRA-ESCONDE, DE HISTÓRIAS DE LIVROS, ELA É FEITA DE GRANDES ACERTOS, E TAMBÉM INÚMEROS ERROS, DE AMORES E DESILUSÕES, E UM DIA AO CRESCER TERÁS SAUDADES DE TUA INGÊNUA INFÂNCIA.
E HOJE CÁ ESTOU, CRESCI....AH! QUANTAS SAUDADES DE MINHA INFÂNCIA.
GEIZA FAVACHO