APRENDENDO A ME AMAR

Memórias de um tempo ruim

Que, graças a Deus, se foi,

Movem-se dentro de mim;

Insistem em sair, eu sinto;

Reluto em deixar, eu sei.

O medo de entrar em contato,

Impede-me de libertá-las,

Deixá-las ir de uma vez,

Livrando-as do labirinto

Onde eu as coloquei.

Imagens de sombra e luz,

Liberta-me, Senhor Jesus!

Liberta-me, Vos rogo, imploro!

Pois ao lembrar-me eu choro,

Vejo-me dependurada, Senhor,

Como Tu, em Tua Santa Cruz!

Aí a dor me transpassa

A alma desfigurada.

Lembro-me, alguém me dizia:

“Reza comigo o Pai Nosso,

Reza uma Ave Maria”!

Eu que quase nada ouvia,

Sentia-me murmurar

Palavras que mal saíam.

Confusa, desnorteada,

Realmente apavorada, sentia,

Que o pior ainda estava por vir.

Seguia a escura estrada,

Aquela que escolhi.

Nas sombras eu caminhava,

Relutava, não queria ou não sabia

seguir o caminho da luz.

Caminho abençoado, aquele

Que me levaria ao encontro

Do amado Mestre Jesus.

Ouvi um anjo falar,

Um anjo de carne e osso,

“Hei! Minha flor vim te buscar,

Pra casa vou te levar!”

Foi como ouvir Jesus a ordenar:

“Levanta-te e anda!”

E neste exato momento,

Deixando o fundo do poço

Percebi que era hora de acordar

E, de frente, a realidade encarar.

Acordar e lutar,

Vencer a morte, a depressão...

Vivi momentos de horror

E ainda tremo, ao pensar,

Que tudo o que eu vivi foi

Pra que eu aprendesse a me amar.

©Maria Goreti Rocha

(Vila Velha/ES - 03/01/06)

Maria Goreti Rocha
Enviado por Maria Goreti Rocha em 15/01/2007
Código do texto: T348105
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