O meu boneco

Meu boneco de papelão

Era um bebé gordalhão

Que na feira de Santiago

Teve o meu pai comprar

Para eu parar de chorar

Era então pequenina

E a ele agarradinha

Apareci na minha rua

Era maior do que eu

E todos surpreendeu

Riu-se toda a vizinhança

Da figura da criança

Que com ele mal podia

Era mesmo um encanto

O boneco era um espanto

Cresci e o meu boneco

Teve sempre meu afecto

Até alguém lho roubar

E um dia quando casei

Para sempre o deixei

Passados muitos anos

Recordo mas sem danos

O meu brinquedo preferido

Tenho pena de o ter dado

Podia tê-lo guardado