ELA E O RIO

ELA E O RIO

Nuvens escuras estão chegando ...

Chegou o tempo das chuvas ...

No vale do Itabapoana,

terra onde eu nasci,

e até quatro anos vivi.

Passava um vento frio ...

remando a canoa,

remando o rio.

- Rápido! Ela gritava!

Temos que chegar do outro lado,

na Fazenda do Outeiro

A correnteza puxava ...

Remando contra o vento,

A vida e o tempo,

... Joãozinho ! ...Paris! ...

Amarra a canoa!

Vamos pra dentro!

Não é hora de enfrentar o vento!

Outros tempos!

Sem vento soprando,

Atravessa o rio,

com a canoa cheia,

rema contra a correnteza,

neste vai e vem.

Chega do outro lado

No momento certo,

Que a hora exige

força, trabalho e fé.

Era assim naqueles tempos,

por volta dos anos cinqüenta,

antes do meu nascimento,

Às margens do Itabapoana.

rica região de cana caiana.

Tão movimentado,

parecia Veneza.

O rio descia cantando,

até o Porto de Limeira.

Mas em sua casa,

na fazenda do Outeiro,

O porto era seu, e ela,

uma linda gondoleira,

que remava todo dia ,

neste rio ... de pescaria

e travessia.

Atravessava a moça bonita,

sua alteza,

e atrás a corte,

elegantes cavaleiros.

Pessoas de todo jeito,

faziam a travessia,

mas tinha de ser com ela,

a canoeira mais bela.

Seu sorriso atraía,

e seu olhar derretia

os mais duros corações.

E sua canoa enchia,

fossem os simples peões,

ou os ricos fazendeiros.

Até aqueles,

senhores dos anéis,

que em agradecimento,

lhe pagavam,

em moedas de quinhentos réis.

E quando isso acontecia,

não se continha,

pulava de alegria.

E, ao terminar o dia,

amarrava a canoa,

no tronco da figueira,

e pra casa logo corria,

feliz como criança,

a contar o ocorrido.

Seus pais,

João Dutra e Benedita,

sempre lhe haviam dito:

“Filha, não cobre a travessia”

-Não cobrei, pai, foi presente,

Do seu amigo Tenente.

E com todos festejava,

Veióca, Joãozinho, Paris.

Até o cachorro Destino

que sem entender porquê

corria pra todo lado

latindo desafinado.

Sua alegria era tal,

que os animais do quintal

faziam festa também.

E assim passava seus dias,

perto da família e do rio,

em Ponte do Itabapoana

terra por ela amada,

hoje guardando apenas

lembranças que emocionam.

E cresceu a menina do rio,

Chamada Maria Antônia.

Também ficou conhecida

como Maria da luta,

Filha do rio e da paz.

Aprendiz das Letras – 13/06/2011