ONDE O VENTO FEZ MORADA

Casinha bem simples escondida,
Entre as arvores e terra batida,
Onde o vento chega e faz morada.

Sopra... canta constantemente,
Propicia um poético ambiente,
Principalmente nas noites enluaradas.

Casinha feita de barro entre paus trançados,
Abrigava olhares sofridos, mas, esperançados,
Realçados com as cores das flores orvalhadas.

Fogão de lenha, sem senha, sem chaminé,
Batata doce assada, fubá suado, café,
A vida seguia numa inocência encantada.

Casinha de onde eu via Belo horizonte inteira,
Sonhava com a volta do pai nos finais de sexta feira,
Acentuava os olhos inutilmente na estrada.

Onde passei minha infância, muitas auroras,
Casinha! perdeu-se no tempo; o vento não mais mora,
Entre as arvores, foram derrubadas.

Concreto é tudo que se vê no seu lugar,
Mas, das minhas memórias ninguém pode apagar,
Você continua lá, singela, aconchegada.

Fazendo parte da minha vida, do meu enredo,
Lá ! solitária - misteriosa entre o arvoredo,
E os gorjeios da alvorada.

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Obs:Tela produzida por uma amiga baseada numa foto da casinha.