Tempo das dores
Tempo de dores
maria da graça almeida
Saudade do tempo das flores,
quando só os amores
faziam as dores do peito;
quando os espasmos do ventre
eram a fertilidade das damas;
as pontadas na cabeça,
resultado do pouco dormir;
as fisgadas nas costas,
inusitadas posições na cama.
Hoje pouco dizemos de flores,
bem mais nos queixamos de dores
que já não são bobagens;
são dores que nos levam
a estranhas paragens.
Agora é o tempo
das feridas de verdade,
sob o espectro saudoso
da longínqua mocidade.
Saudade do tempo de ontem...
quando desfrutávamos
de nova embalagem;
quando dos supostos males,
às largas, inda ríamos;
quando éramos felizes...
e certamente o sabíamos.