O DEVANEIO
Guardou tudo na caixa:
a linha, a agulha, a faixa
e, num cantinho, o dedal
atrás de um velho retrós.
E ali - consigo e a sós -
sonhou com um belo vestido
(para usar num salão de baile
com enorme lustre de cristal).
O seu sonho era tão real
que podia sentir o contato,
intenso e muito exato,
daquele lindo tecido de faile.
Presa de um tal devaneio,
(assim meio fora dos trilhos)
ela levou a mão ao seio
e ao cabelo embranquecido.
Seu olhar, já meio perdido
e um tantinho ressentido,
perdeu ainda mais o brilho.
Logo após, encarou o algoz
e, com dor na voz, disse afinal:
-Tempo, és um Senhor mortal!
Silvia Regina Costa Lima
14 de novembro de 2011
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