QUE SAUDADES SINTO DE VOCE
Somente a saudade passeia
por meus pensamentos agora...
Volto lá nas minhas plantações
de ensolaradas manhãs verdejantes
faiscando nas espigas de arroz
lá na baixada alagada.
Coisa linda de se ver
as águas do pequeno riacho
enchendo o monjolo que
subia e descia e não parava
um só instante de socar o arroz
até limpar dele toda a palha.
O café secando no terreiro
mamãe reliçando café
e no terreiro papai
abanando e ensacando feijão.
Quanta saudade ...
Da casinha de madeira
onde tínhamos aulas
com a dona Carla
ensinando e guiando
nossos primeiros passos
nas lidas escritas da vida.
Cortam o céu bandos de periquitos
em uma enorme algazarra
na cocheira meu alazão
relincha de alegria.
Quando abro as portas
ele pisoteia o chão
saindo a galope pasto à fora.
Ciscam por todo terreiro
as galinhas rodeada de seus pintinhos.
Na chaminé a fumaça
leva longe o cheiro do café
torrando no fogão de lenha.
Que saudade...
Do café no fogão de lenha
do leite quentinho no bule
da cantoria e dos causos
contados por papai.
Da revoada dos pássaros
quando inicia o anoitecer
e a sinfonia dos cantos
ao amanhecer.
Quanta saudade
sinto de você
minha terra,
meu sertão.
Luís Carlos Mordegane