Dias brilhantes

Eu me lembro dos tempos de menina, pé descalço, correndo livre pelo quintal de minha mãe. Não tinha brinquedo caro, mas na cabeça muitas idéias.

Vestia-me como boneca pra parecer gente grande. Tinha no rosto o sorriso largo de uma felicidade tamanha e flutuava em meus pensamentos.

Bola, chiclete, boneca, de tudo um pouco. Brincava de roda, pega-pega, ciranda e pique esconde. As brincadeiras eram puras, sem maldade alguma e todo mundo se divertia.

Tinha a hora do show, em que eu e as crianças maiores nos disfarçávamos de gente famosa e cantarolávamos as canções da época. Sob os aplausos dos pequeninos criávamos estórias e mais estórias para prender a atenção deles.

Muitas vezes me pegava comendo terra ou fazendo bolinhas de sabão.

Cada passeio com a família era uma oportunidade de conhecer um mundo mágico, onde tudo era bom e divertido.

Não esquecerei as tardes em que, eu e minha prima, roubávamos qualquer coisa na cozinha de casa e íamos para o quintal brincar de fazer comidinha. Não esquecerei também a última vez que fizemos isso, pois confundimos folhas de inhame com taioba e passamos a tarde com a boca pinicando.

Nada do que eu fazia era ruim e meu mundo era perfeito. Amigos, brincadeiras e arte.

Não precisava de muita coisa pra ser feliz, pois eu tinha muita imaginação.