Infinitas lembranças

O passado vem à tona ao aproximar-me de casa,
Os enormes vasos de plantas ainda na varanda,
Folhas secas no quintal, o gato deitado na escada,
Coisas vivas exibem cenas da minha história,
Embora nada deixe de evidenciar a quietude.
O silêncio se quebra apenas com o vento
Quando a mangueira exibe seus galhos,
A velha e majestosa árvore que ainda me é fiel.
A agitação de outrora já não traz fadiga.
Abro a porta da entrada, vozes ecoam no ar
E de repente imagens, rostos acolhedores,
Fazem minha imaginação trazer ao momento
Os que mostravam alegria do meu retorno.
O acelerar do meu coração confirma as saudades,
Muitas, infinitas lembranças se fundem em lágrimas,
Mesmo com a certeza da ausência a presença se faz.
O cheiro de café e dos bolinhos de chuva exala no ar,
O som de rock ultrapassa o espaço do quarto dos fundos,
O barulho arrastado de pés me é sensível aos ouvidos,
Os móveis falam por si cada personagem que serviram,
Cada cômodo, cada parede retrata fatos peculiares,
Épocas inesquecíveis e ocasiões críticas, marcantes...
Então permanecer aqui é ligar o passado ao presente
De forma intensa, singela ao mesmo tempo melancólica.
Pela convicção da partida dos que precisavam seguir
Entendo com isso que nada é definitivo, vivemos fases.
Vidas ficam em nossa vida por fragmentos de tempo.
Não queria me desligar do que eu era, mas preciso seguir
A estrada me espera... A história precisa ser continuada
Assim vou indo levando comigo infinitas lembranças
Gotas de ternura me escapam dos olhos.



Tete Crispim
Enviado por Tete Crispim em 01/11/2011
Reeditado em 17/09/2012
Código do texto: T3311641
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