O Turbilhão do Tempo
A burquinha rola
Nos pedregulhos da rua
Bate e esfola
A brincadeira, nos muros
A burquinha bate em uma duas três
E felicidade, adquire-se, uma vez.
Naquela Festa Junina,
Fomos casados
Eu e aquela menina
Dancei com mil marias
E trabalhei com mil Joãos
Pesquei mil maravilhas
Tive vários chapéus
Os tirei, para olhar o céu
Se chegava chuva,
E foi Mentira,
Porque a burquinha,
eu perdi
Em algum lugar daquela rua
Aquela, a leiteira
Aquela que estoura! Certeira
Foi se embora,
Perdida entre os buracos
Daquele asfalto
E depois veio seu sepultamento
Malharam a rua com asfalto novo
E as burquinhas agora corriam Ladeira abaixo
Pedindo socorro
Mais triste ainda fiquei
Descobri a Leiteira, minha linda
Presa, no calçamento da Rua
Assim minha dor nunca finda
Vejo-a lá,
Todo os dias
Presa, naquele mar negro de piche
A Leiteira que lá ficará
Para sempre presa, naquela rua...