Do alto da minha infância
Do alto da minha infância houve esperança
Esperança de um dia o mundo tentar mudar
Fui à escola aos sete anos procurando sonho
Sonhos que até hoje procuro sempre Sonhar
A vida era dura mas ainda dura à lembrança
De um dia ao sol, a chuva, a relva brincando
Aprendi com meu pai a maestria, o respeitar
De uma vida pura no campo na roça a pensar
Penso agora o que deves estar se perguntando
Ou então deves pensar que na lavoura não há
Não há labuta, na há luta buscando nosso pão
Ao contrário. Há muita coisa que aqui não há
Há o feijão, o arroz, o milho, o trigo a cuidar
Então não há sábados, domingos e feriados
Todo dia é dia de labuta na lavoura sol e luar
Da terra vem o pão basta um pouco trabalhar
Ali se planta grão, esperança, colhe confiança
Confiança em si, na terra no sol, na chuva e Ar
Ah! Como fora feliz à criança a criar-esperança
De um mundo onde houvesse união, paz no Lar
Deste pequeno aprendi a ter fé no meu professor
Pois são caricaturas do mestre Jesus nosso Deus
Tem carisma, tem cisma de brado mas é protetor
Protege almas inocentes, carentes c’ nosso-Deus
Ainda guardo na lembrança meu mestre querido
Minha primeira janela mostrando o que é a vida
São sonhos tão distantes porém nunca esquecido
Nomes tão singelos fazendo parte da minha lida
Também nessa viagem quase um pouco dolorida
Recordo quando era criança na lavoura trabalhar
Pus meus cadernos na coivara e fui logo almoçar
De repente, vi fumaça, vi fogo, vi tudo incendiar
Chorei! Gritei! Berrei! Corri pra apagar o fogaréu
Mas era tarde demais! Tudo era esterco pro chão
Então, ali mesmo plantei a sorte enterrando ao léu
Dias depois labutei, brinquei debaixo do pé de feijão
A vida era assim. Misturávamos labuta-brincadeira
Trabalhávamos, brincávamos, sonhávamos, todavia
A liberdade de tomar banho ao sol, ao luar, a somar
A infância, a vida, a sorte, a lida, ao leu, a esperança
Foi assim. Sou assim. Penso assim. Quero assim.Sim
Faço assim. To assim. Espero assim. Café com aipim
Como assim. Ando assim. Durmo assim. T’querubim
Venho assim. Falando assim. Escrevendo, aceita-sim
Poesia publicada no livro "Poetas Inocentes, Vol. III, 2008".