Depois de se ter sumido
tão de leve como um rio
suavemente se infiltra
na praia de branca areia
abriu os olhos um dia
como se da vez primeira
sentiu reluzir alegria
e levíssima estranheza
quanto mais de perto olhava
mais o longe vislumbrava
sem perguntar entendia
o que em redor se passava
mas tão pouco lhe importava
pois sentia-se alheada
do mundo onde sofrera
e não mais a magoava
sentia-se enfim liberta
parecia que planava
no alto de uma montanha
pelas nuvens apartada
de quanto embaixo arfava
sentia nas asas plumas
em que nunca reparara
sentia o sopro da brisa
sentia a mente calma
quisera ficar onde estava
mas sobre a terra passava
sentindo-se desajeitada
a cada passo que dava
como que o chão lhe sobrava
cumpriria o tempo certo
não o media ou pesava
só seus pés eram terrenos
sua alma adejara