Vultos

Dobro a esquina, e encontro meu passado

caminhando lentamente em direção a mim.

Não são duas pessoas - são dois vultos

que de comum só têm o olhar amargurado

e ainda guardam no peito, bem ocultos,

todos os sonhos de um amor que teve fim.

São duas almas perdidas nos caminhos

que paralelos correram tantos dias

transformados em semanas, meses, anos,

até que os golpes da vida, tão mesquinhos,

encerraram todo o ciclo de alegrias

e decretaram o final de tantos planos.

Hoje nós dois vivemos de saudade,

e mesmo assim ainda agradecemos

por tanto tempo de paixão para lembrar.

Somos dois vultos sim, mas na verdade,

quando na rua nos cruzamos, ainda temos

todo o amor do universo em nosso olhar.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 05/09/2011
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