Voltando...

Penso em refazer alguns caminhos

por onde já andei em outros dias,

mas só vou levar de meu neste retorno

desajeitados restos de carinho,

inoportunas expressões de alegria

e um calor que com o tempo ficou morno.

Tudo que tenho é a prova do fracasso

arrastado pela vida nas estradas,

e preso a mim como um estigma cruel.

Minha bagagem é feita de cansaço,

e de lembranças de sonho rabiscadas

nestes pequenos pedaços de papel.

É só com essa bagagem no meu peito

que eu regresso ao lugar de onde saí

e segue a vida pacata e verdadeira.

Voltar ao que um dia fui parece o jeito

de encontrar alguma coisa que perdi

e procurei inutilmente a vida inteira.