Pêssego

Uma fresta de luz bailarina

rodopia suave pele

no canto de um quadro esquecido

como pessegueiro

amarelecido pela solidão

Essa canção goteja sequiosa

pelo mesmo trajeto das lágrimas

atalho ao insondável coração

cadeira vazia, descanso adiado

Paz aninhada no silêncio abraçado

apertando calor

aceitando dor oxidada

deitada em travesseiros esfolhados

Lume da última esquina

primor deste que de tanto ser

ao não ter-se

fez-se esquecido de sí mesmo

em reencontro do amanhã

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 06/07/2005
Código do texto: T31602