Pêssego
Uma fresta de luz bailarina
rodopia suave pele
no canto de um quadro esquecido
como pessegueiro
amarelecido pela solidão
Essa canção goteja sequiosa
pelo mesmo trajeto das lágrimas
atalho ao insondável coração
cadeira vazia, descanso adiado
Paz aninhada no silêncio abraçado
apertando calor
aceitando dor oxidada
deitada em travesseiros esfolhados
Lume da última esquina
primor deste que de tanto ser
ao não ter-se
fez-se esquecido de sí mesmo
em reencontro do amanhã